domingo, 10 de julho de 2011

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Karina Buhr 1974 Salvador, BA

Cantora. Compositora. Rabequeira. Atriz.
Nasceu em Salvador sendo foi criada em Recife, no Estado de Pernambuco, onde desenvolveu carreira artística.
Participava ativamente como percussionista dos blocos de maracatus, principalmente dos tradicionais Piaba de Ouro e Estrela Brilhante.
Radicada em São Paulo foi convidada em 1998 pelo diretor Zé Celso Martinez Corrêa, do Teatro Oficina, para integrar o elenco das peças "Bacantes" e "Os Sertões", nas quais atuou como atriz e compôs várias músicas para a trilha sonora.

Surgiu inicialmente como percussionista do grupo Eddie. Passou por vários outros grupo da cena pop local de Recife.
Em 1997 fundou o Comadre Fulorzinha ao lado de Isaar França, Renata Mattar, Telma César, Alessandra Leão e Maria Helena, banda com a qual gravou (como percussionista, vocalista e rabequeira) vários discos entre os anos de 1999 e 2002, entre os quais (Comadre Fulozinha - Gravadora CPC UMES/1999), (Loa do Boi Meia Noite - participação 1999), (Baião de viramundo/ 1999), (Reginaldo Rossi - um tributo -1999), (Por pouco/2000 - Abril Music) e (Original Olinda Style - vários/2002). O grupo é considerado um dos principais expoentes da cena mangue bit pernambucana da nova geração.
Em 2002 participou do disco da banda Eddie "Olinda original style", ao lado de Erasto Vasconcelos, Mr. Jam (Dj Dolores & Orchestra Santa Massa), Fernando Catatau, Isaar França (Comadre Florzinha), Ganja Man (Instituto), Bactéria (Mundo Livre S/A), Pi. R, Marcelo Campello, Mônica Feijó, Sapotone, Boy, Tiago (Songo), KSB e Buguinha, tendo as composições de sua autoria "Falta de sol" (c/ Fábio Trummer, Roger Man, Fred e Berna Vieira) e "Não vou embora" (c/ Eddie, Fábio Trummer, Cri-Cri, e Isaar França) incluída no CD.
No ano de 2005, ainda integrando o Comadre Fulorzinha, apresentou-se na 21ª edição do "Projeto Camarote das Artes", no Complexo Caixa Cultura - Camarote Café, no Rio de Janeiro.
No ano de 2010 passou a desenvolver carreira solo e lançou o CD "Eu meti pra você" com participações especiais dos guitarristas Edgard Scandurra e Fernando Catatau. No disco apresentou 13 composições de sua autoria, entre as quais "Plástico bolha", "Mira ira", "Nassíria e Najaf", "Vira pó", "Ciranda do incentivo" e a faixa-título "Eu menti pra você". Fez lançamento do disco em show no Teatro Rival BR, no Rio de Janeiro acompanhada por Fernando Catatau e Edgard Scandurra nas guitarras, entre outros músicos.
No ano de 2011, ao lado de Arnaldo Antunes e do pianista João Brasil, foi um dos convidados de Lucas Santtana no "Projeto Sonoridades", da casa de show Oi Futuro, do Rio de Janeiro. Nos show interpertou ao lado de Lucas Santtana "Eu menti pra você" (Karina Buhr) e "Lycra limão", de Lucas Santtana.

Caras Novas : Karina Buhr

Se hoje a característica da música brasileira é impossível definir fronteiras entre gêneros e estilos e contra outras disciplinas artísticas, Karina Buhr incorpora perfeitamente esse tempo. Nascido na cena vibrante e diverso de Pernambuco, o cantor, que também é compositor, artista e atriz, brincando com sons que vão muito além de ritmos regionais, como Maracatu, têm alguns de Bowie na década de setenta ea energia do punk rocha, algo que é claro em suas performances ao vivo.

E se o juiz Eu Menti pra Você, seu primeiro álbum, tem-se a primeira música que você ouve, vai cair na armadilha de seus próprios armados Karina: "Eu jogo com o fato de que, se alguém compra o álbum pensar que só vai encontrar baladas de amor como Mira Ira, pode ser abalada pelo tempo e Nassira Najaf apocalípticos ou imerso na atmosfera Bolhos LSD plástico. "Para não mencionar a faixa que dá nome ao disco, onde as distorções são intercalados com versos sem pretensão.

Karina sonho de viajar pela América. Sua vitalidade em palco vem das profundezas de seu espírito inquieto e eclético. Tanto que não contente com fazer música também escreve, é dedicada ao teatro e as artes visuais. Foi parte do elenco do Teatro Escritório antropofágica de São Paulo e, como tal, agiram, inter alia, a implementação do sertão, adaptação do clássico de Euclides da Cunha. Além disso, todos os dias escrever poesia ou prosa, ou colocar qualquer coisa em seu blog, ou desenhar. "Para mim, todas estas actividades estão relacionadas e diálogo com o meu modo de vida naturalmente. Eles são parte do mesmo.

Dorme logo antes que você morra!!


Em 2003 assisti, como quase todo mundo do mundo que tem uma televisão, o começo do bombardeio em Bagdá.
Atari, Nightshot, tudo meio verde, amarelo e azul e aparentemente calmo, imagens bonitas de uma cidade dormindo
e arrepios sombrios pelo corpo.
Um gelo na alma gerado pela situação em que se encontravam naqueles minutos mortais, aquelas pessoas lá,
dentro de casa, assim como eu estava naquela hora, só que elas aguardando bombas na cabeça
e eu com um copo de chocolate batido na mão, que passou a me nausear terrivelmente e que não me serviria de alimento aquela noite.
Nada me serviria de alimento.
Impotência e insignificância.
E o mundo assistindo. E todo mundo sabendo.
E mesmo assim ia acontecer.
Por que ninguém vale nada.
É sempre impressão da gente o valor que a gente tem.

Amor, compaixão, essas coisas, servem pra gente ir vivendo, ir fazendo de conta que é feliz, ir comprando coisas, até morrer
por que o que vale, de ter valor mesmo, é dinheiro.
Ponto.
E seguia assim a noite.
Divagando e voltando a minha impotência, a minha falta de fome, minha falta de sono,
e a vontade de não existir pra não assistir.
Vontade até de que bombas também caíssem sobre minha cabeça no mesmo momento.
Eu queria, pelo menos naquele segundo, ter que fugir junto, lutar com as mesmas armas, contra os mesmos inimigos, na mesma situação, pra
me sentir um pouco melhor.
Não, não dava pra usar a palavra "melhor".

E, com peso na consciência caí de sono. Dormi. Senti um peso parecido quando caí dormindo e chorando enquanto
cuidava do meu pai numa madrugada de hospital, 5 anos depois.
Ao lado dele, naqueles que sabia que seriam seus últimos minutos de vida perto de mim, eu caí no chão.
Caí por que dormi em pé, de fraca que estava, com toda minha impotência e insignificância ainda me acompanhando.
Estivesse dirigindo um carro teria morrido naquele instante.
Eu consegui apagar mesmo não podendo e o peso disso ainda dói.

Pois esperando a guerra foi assim. E ainda na madrugada de espera fui acordada por meu pai,
que tinha no rosto uma certa felicidade mórbida, por acreditar que triplicariam de valor seus parcos dólares recém comprados.
Por ironia mórbida do destino, dessa vez não seria assim.
Algo aconteceu diferente no mundo, a partir da divulgação istantânea daquelas imagens talvez, não sei.
É ingênuo esse pensamento. Deve ser por que sou ingênua, acredito nuns sentimentos estranhos e sem valor,
mas o que acontece é que por novas cargas d'água o dólar não subiu.
Os EUA perderam por isso? Um pouco, talvez, mas nada diante do que ganharam e ganham até hoje com essa e outras matanças autorizadas.
Lembra que eles sempre acertam? Sempre. Mesmo quando erram.

Os bombardeios seriam "cirúrgicos".
Sim, muitas cirurgias seriam feitas, dentro em breve, em pessoas destroçadas por eles.
E mais ou menos uma semana depois foram atacadas as cidades de Nassíria e Najaf e assim espalhou-se a notícia pelo mundo de
que muitas crianças tinham morrido.
Acertaram alvos civis.
Os EUA pediram desculpas. Algo como "erramos o alvo" talvez, não lembro.
Mas na verdade eles sempre acertam.
Na dimensão do amor profundo acerta quem se apaixona, acerta quem se ama.
Na dimensão do dinheiro, que é a que a gente vive, acerta quem tem dinheiro.
Acerta mesmo errando.
E acerta a mira nas nossas cabeças, que não valem centavos.

E é sempre impressão da gente o valor que a gente tem.